Investigadores U.Porto

U.Porto Reitoria SIP
Alexandra Lopes
Faculdade de Letras da U.Porto / Centre for English, Translation, and Anglo-Portuguese Studies (CETAPS)

Especialista em estudos sobre o Envelhecimento


Fale-nos um pouco sobre o seu percurso científico.
Eu sou uma alumni da Universidade do Porto, onde me licenciei em Sociologia, em 1996. No ano seguinte, entro para o corpo docente da Faculdade de Letras, precisamente para o seu Departamento de Sociologia, como assistente estagiária, ao mesmo tempo que dou continuidade à minha formação académica. Essa formação optaria por fazê-la fora da minha casa-mãe, primeiro na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde completei o Mestrado em Sociologia e, depois, já fora do país, numa das escolas de Ciências Sociais de referência na Europa, a London School of Economics and Political Science, onde completei, em 2006, os meus estudos doutorais. Foi nessa altura que comecei a trabalhar no campo amplo dos estudos sociais sobre o envelhecimento, área onde me fui afirmando como investigadora e onde tenho concentrado a minha produção científica. Tenho trabalhado sobre vários temas, desde os sistemas sociais de cuidados, com atenção repartida entre os sistemas formais e os informais, passando pela temática geral das desigualdades sociais no processo de envelhecimento, por trabalho sobre pobreza e condições de vida na velhice, sempre com um interesse muito marcado pela análise do desenvolvimento e do impacto de políticas públicas. Tenho feito algum trabalho, precisamente, sobre avaliação de impacto de programas e intervenções de política pública, tendo estado envolvida, inclusive, no desenvolvimento de ferramentas de medição de impacto especificamente desenhadas para avaliar programas e intervenções no campo da prestação de cuidados a pessoas mais velhas. Ao longo dos anos têm-se acumulado os projetos, nacionais e internacionais, com algum sucesso na obtenção de financiamentos em programas competitivos, assim como a participação em redes e as publicações. Colaborei com a OMS no seu programa de formação Healthy Ageing for Impact in the 21st Century: Global Online Leaders Training - uma experiência fantástica - e, desde 2019, trabalho com a Comissão Europeia como perita para os domínios da Inclusão Social e do Apoio Social a grupos sociais vulneráveis. Tem sido uma boa jornada.

Consegue identificar 2 ou 3 marcos, na sua carreira profissional, que tenham sido mais relevantes para si?
Numa fase mais inicial da carreira, quando era muito jovem, foi absolutamente marcante a experiência de trabalho na LSE (London School of Economics). Foi um período de intensa formação, que viria a definir o tipo de investigadora e o tipo de docente em que me tornaria. Foi um período de intensa aprendizagem, num contexto académico onde o debate de ideias, sem receio da dureza que marca o confronto científico, era a pedra de toque. Desenvolvi ali competências e formas de estar na ciência e na academia que me acompanharão até ao fim da minha vida. Transportando-me para um tempo mais próximo do dia de hoje, tem sido muito importante, num plano até mais pessoal, a experiência de trabalho enquanto consultora da Comissão Europeia. Quando trabalhamos muito tempo num registo mais académico, acumulando projetos e publicações, às vezes instala-se aquela dúvida, quase que existencial, sobre o valor do nosso trabalho, sobre o que fica desse trabalho, sobre o alcance do nosso trabalho. Nas Ciências Sociais não é sempre tangível o alcance do nosso trabalho, e na Sociologia, em particular, sentimos muito essa urgência de nos colocarmos ao serviço da comunidade; não num plano abstrato, mas num plano bem concreto. A oportunidade de colocar o conhecimento acumulado ao longo dos anos ao serviço da comunidade, participando na avaliação de programas sociais e emitindo recomendações sobre desenvolvimentos no plano do desenho de políticas públicas, tem sido uma das melhores coisas que fiz nos últimos anos, e que me tem ajudado muito a manter elevados os meus níveis de motivação pessoal para prosseguir na academia.

Foi a coordenadora científica do projeto «Módulo65+: módulo de questões para o cuidado aos idosos». Que balanço faz do trabalho desenvolvido?
Este foi um projeto curioso, que surge com uma motivação muito particular. Na altura estava muito envolvida, como ainda estou, em redes internacionais que investigavam temas relacionados com os cuidados informais, com um interesse particular no desenvolvimento de modelos estatísticos que permitissem estimar tendências em algumas grandezas. Ora, não tínhamos informação estatística robusta, em Portugal, que nos permitisse participar nesses exercícios. E uma das razões para essa falta de dados era a própria inexistência de instrumentos devidamente validados para medição das grandezas em jogo. E se esses instrumentos não existiam, então era preciso criá-los. Foi assim que surgiu o projeto «Módulo 65+», um projeto que, com financiamento da FCT, desenvolveu uma versão portuguesa, testada e validada, do módulo de questões sobre necessidades, recursos disponíveis e arranjos no domínio da prestação de cuidados a pessoas mais velhas em situação de dependência, que é usado no ELSA (The English Longitudinal Study on Ageing). O módulo foi preparado para ser integrado em inquéritos, nomeadamente com o objetivo de vir a ser integrado em algum inquérito do INE, que, à data, manifestou interesse no output do projeto. O módulo foi disponibilizado para uso livre, tanto em formato para impressão como em formato de algoritmo para CAPI (Computer Assisted Personal Intervieweing). Com grande frustração, devo dizer que não chegou a ser incorporado em nenhum questionário com abrangência nacional, sendo apenas utilizado por alguns investigadores em estudos de menor alcance amostral. É uma pena, efetivamente, que continuemos a produzir ciência que mobiliza recursos da comunidade e que depois fica na gaveta e não realiza o seu potencial total. Talvez eu também deva assumir alguma responsabilidade por isso, se calhar não soube ser competente o suficiente na transferência deste produto em particular.

A maioria dos cuidadores informais em Portugal desconhece os seus direitos. Na sua opinião, que estratégias podem ser tomadas no sentido de tornar a vida dos cuidadores mais fácil, sendo-lhes efetivamente menos penoso poder desempenhar as suas funções?
O tema dos direitos dos cuidadores informais é recente em Portugal. Parte do desconhecimento vem dessa novidade. Note que o Estatuto do Cuidador Informal tem a sua primeira promulgação na segunda metade de 2019. Ainda é muito recente. Este é um tema complexo e que exige medidas capazes de enquadrar essa complexidade. Mas destacando alguns aspetos em particular, começaria por lembrar que, apesar de tudo, os contextos dos cuidadores informais são muito diversificados, e nem sempre são penosos. Podem ser, também, fonte de grande realização e gratificação. Mas para muitos cuidadores são, efetivamente, contextos penosos, seja porque esgotantes física e emocionalmente, seja porque muito exigentes em termos de dedicação - entrando em concorrência com outras atividades como, por exemplo, atividades profissionais -, seja porque completamente absorventes ao ponto de colonizarem todo o espaço de vida do cuidador, que se vai progressivamente afastando de todos os outros espaços sociais, entrando em processos de isolamento e desvinculação. Ora, estas são as questões que têm de ser abordadas para apoiar os cuidadores. Desde logo, repensando o próprio modelo de organização social dos cuidados, tendencialmente organizado em torno de um menu de respostas sociais que tendem a ser mutuamente exclusivas e que não têm de o ser. A organização dos cuidados segundo lógicas de complementaridade será, num plano mais sistémico, uma abordagem promissora. É fundamental evitar o burnout do cuidador informal. É importante, também, acautelar o impacto financeiro, direto e diferido, que aparece associado a ser cuidador informal, sobretudo quando tal implica abandonar uma atividade profissional. Cuidar de um familiar, por exemplo, de um pai ou de uma mãe, não pode ser uma estrada para o empobrecimento. Infelizmente, para muitos cuidadores, ainda é. É importante também trabalhar competências. Aquela ideia de que algumas coisas nós quase que, naturalmente, sabemos como fazer, é falsa. Dar um banho a um acamado, mudar uma fralda, são tarefas muito mais complexas do que se possa imaginar. E se forem mal feitas, não só a experiência não é boa para quem recebe apoio, mas é mais penosa do que deveria, com riscos grandes de lesão, para quem cuida.

Tem colaborado em projetos de investigação nacionais e internacionais. De que forma a docência se articula com a investigação financiada?
A investigação, sobretudo aquela que é feita no âmbito de equipas de alto nível, orientadas para a excelência científica, faz, sempre, com que sejamos melhores docentes: porque nos mantém sempre na crista da onda do conhecimento que é produzido nas nossas áreas de especialidade; porque nos confronta sistematicamente com os desenvolvimentos mais recentes no campo dos métodos e das técnicas de trabalho no nosso campo disciplinar; porque nos dá acesso a recursos e oportunidades; e porque nos energiza. No meu caso, e porque uma fatia muito grande da minha atividade docente envolve cadeiras sobre métodos de investigação, a minha intensa atividade de investigação tem sido absolutamente crítica para garantir que trago sempre o melhor e o mais atual para as minhas salas de aula. Adicionalmente, conseguimos muitas vezes criar, a partir dos nossos projetos de investigação, oportunidades complementares de formação para os nossos estudantes, às vezes em fases muito iniciais da sua formação e, por essa via, atrair para a carreira científica pessoas que começam, desde muito cedo, a exibir traços que apontam para grande potencial e que muitas vezes se perdem porque não são envolvidas e apoiadas mal começam a querer dar os primeiros passos. Mas eu sou suspeita quando me colocam uma questão deste tipo. Eu gosto muito da docência, tanto quanto da investigação. Não me consigo imaginar a abdicar ou a diminuir a intensidade de dedicação a nenhuma das duas. Continuo a sentir, hoje, quando entro numa sala de aula, o mesmo prazer, o mesmo entusiasmo, a mesma vontade de partilha que senti quando o fiz, pela primeira vez, há quase 30 anos. E isso só pode significar que estou onde devo estar e, enquanto me sentir assim, provavelmente deve ser o que devo continuar a fazer.

Portugal tem das esperanças de vida mais altas do mundo, embora não associada a qualidade de vida. Como canta Godinho no «Elixir da Eterna Juventude», podemos afirmar que envelhecer é uma arte?
Portugal tem, de facto, e como diz na sua pergunta, uma das esperanças de vida mais altas do mundo, mas também uma das mais baixas esperanças de vida saudável, nomeadamente no contexto Europeu. Quer isto dizer, de forma simples, que vivemos mais tempo, mas que esse tempo a mais é vivido, por muitas pessoas, com doença e limitações. Este é, provavelmente, e ainda, o grande desafio que se coloca em Portugal quando falamos de envelhecimento: conquistada mais vida, é preciso agora conquistar melhor vida. Mas conquistar essa melhor vida não é uma arte. A sugestão de que o possa ser implica colocar a responsabilidade pela forma como se envelhece essencialmente no lado do sujeito, inclusive abrindo espaço para algum tipo de apreciação de mérito individual (ou falta dele) na base da qualidade de vida. A ideia de que a forma como experienciamos o processo de envelhecimento é resultado exclusivo das escolhas que fazemos ao longo da vida, como se o indivíduo pudesse, efetivamente, escolher, em liberdade e sem constrangimentos, é uma ideia muito perigosa. Note que o próprio Sérgio Godinho canta que «envelhecer é uma arte, arte nova, arte final, numa luta desigual». O que a investigação nos tem mostrado, de forma sistemática, é que as pessoas envelhecem de forma desigual, largamente em resultado das desigualdades sociais, económicas e culturais, que marcam as suas trajetórias de vida. Se há domínio onde a matriz das determinantes sociais da saúde e da doença mostra todo o seu potencial explicativo, é no domínio do processo de envelhecimento. E é por isso que lhe digo que envelhecer não é, de facto, uma arte. É resultado das oportunidades (ou da falta delas) que marcam o percurso de cada um, num espaço social que é desigual. Voltando à canção de Godinho: «dói-me a perna, a barriga, o que faço? Escolho o baço ou o almoço?» Para muitas pessoas, no nosso país, a vida ainda envolve este tipo de escolhas, escolhas que vão condicionar inevitavelmente a forma como envelhecemos, que é mais agradável para uns e mais desagradável para outros.

Segundo o Eurostat, a população portuguesa é a que está a envelhecer a um ritmo mais acelerado no conjunto dos 27 Estados-membros da União Europeia. Pode falar-nos um pouco sobre os desafios do envelhecimento, os problemas para a sustentabilidade da segurança social e os retrocessos provocados pela covid-19 em Portugal?
Em 2022 foi lançado um programa de doutoramento em Ciências Sociais e Envelhecimento, liderado pela Universidade do Porto, em parceria com a UTAD e três universidades galegas (Vigo, Corunha e Santiago de Compostela) que eu tenho, no momento, o enorme gosto de coordenar. O mote para este programa é precisamente o reconhecimento de que, mais do que qualquer outra coisa, o principal motor impulsionador de mudança social, nas próximas décadas, vai ser o envelhecimento demográfico e o envelhecimento populacional. E mudança representa sempre desafios mas, também, oportunidades. Talvez começasse por vincar esta ideia, até para contrariar uma tendência mais ou menos dominante de associar o envelhecimento a problemas. As próprias expressões que frequentemente ouvimos nos debates públicos sobre o tema, como «inverno demográfico» ou «silver tsunami», são expressões muito infelizes que concorrem para reproduzir uma visão essencialmente negativa do que o envelhecimento representa. Em relação aos temas particulares que focou na sua questão sobre «a sustentabilidade da segurança social», em sistemas contributivos de tipo pay-as-you-go, como o nosso, assegura-se de duas formas: ou alarga a base de contribuintes ativos ou contrai o montante, o acesso e a duração dos benefícios assegurados, neste caso das pensões. Ora, não há muito mais a contrair, até porque as reformas dos sistemas de pensões iniciadas na década de 90 do século passado, e cujos efeitos ainda não foram totalmente sentidos, foram essencialmente orientadas para uma contração muito substancial nas pensões, nomeadamente no seu valor e nas regras de acesso às mesmas. A alternativa é alargar a base de contribuintes, nomeadamente com recurso a trabalhadores estrangeiros que engrossem as fileiras daqueles que suportam, com contribuições do trabalho, o sistema de segurança social. No que diz respeito à Covid-19, entre outras coisas, trouxe à tona algumas das piores manifestações idadistas que estão na base de uma relação ainda muito difícil que temos, enquanto sociedade, com o envelhecimento, e com o que significa ser velho. Há ainda muito a refletir sobre a forma como foi gerida a pandemia, nomeadamente no que diz respeito às pessoas mais velhas. Algumas das coisas que aconteceram não podem repetir-se.

Do seu ponto de vista, qual é o segredo para viver mais e com saúde?
Essa ideia de que há um segredo para viver mais e com saúde está muito presente no trabalho que tem sido feito sobre as designadas blue zones, regiões do globo onde encontramos pessoas particularmente longevas e com vidas vividas com muita saúde e energia. Quando olhamos para estes temas a partir da lente da Sociologia, tentando mapear as grandes tendências, as grandes regularidades, rapidamente percebemos que não há nenhum segredo, bem pelo contrário - é a história de sempre, contada e recontada mil vezes. Ao longo da vida, as pessoas e os grupos sociais vão acumulando vantagens e desvantagens que estão, inexoravelmente, ligadas à sua posição relativa no espaço social desigual. Essas vantagens e desvantagens têm impactos, quer no curto prazo, quer no longo prazo e, nesse sentido, condicionam fortemente as experiências de envelhecimento. Deixe-me dar-lhe um exemplo concreto para o argumento ficar mais claro - e é apenas um entre mil exemplos que podia mobilizar - se não pode ter acesso a cuidados de saúde oral desde a infância e ao longo da sua vida, porque não os pode custear e porque os serviços públicos de saúde são insuficientes, isso aumenta substancialmente a probabilidade de vir a experienciar mais cedo, e com mais gravidade, a decadência da sua dentição, nomeadamente quando chega a uma idade mais avançada. Isso tem efeitos vários, desde logo diretos na sua saúde, ao comprometer eventualmente a qualidade da sua nutrição, podendo interferir na sua comunicação, podendo afetar a sua autoestima. Para este exemplo em concreto, o segredo era garantir equidade no acesso a cuidados de saúde, sem condicionantes que decorram da posição de maior ou menor vantagem no plano socioeconómico e cultural. Mas isso não é um segredo, pois não?

Como cientista, que apreciação faz do panorama científico português na sua área de investigação, e em outras áreas, de um modo geral? Considera que a ciência é devidamente valorizada em Portugal?
A sua questão leva-me por dois caminhos. Começando pela valorização da ciência em Portugal: nós valorizamos algo quando o reconhecemos e quando percebemos o valor que pode acrescentar à nossa existência, tanto individual, como coletiva. A sensação de não valorização da ciência - que não é necessariamente o mesmo que desvalorização – que, por vezes, sentimos, e que marca a relação que a ciência tem com vários setores da sociedade portuguesa, só pode ser combatida com uma continuada aposta na divulgação científica orientada para o aumento da cultura científica das portuguesas e dos portugueses. A ciência não pode continuar a ser percecionada, pelo cidadão comum, como um espaço distante, ocupado por elites que se mobilizam na proteção dessa distância e que, ao fazê-lo, alienam e alienam-se do que as rodeia. Uma sociedade que se sente próxima da ciência é uma sociedade que vai acarinhar e valorizar os seus cientistas e que vai exigir a correspondente valorização da ciência no plano político, económico e cultural. Quanto ao panorama científico, isso era tema para estarmos uma tarde à conversa. A qualidade do panorama científico, tal como a de qualquer outro setor, define-se largamente pela qualidade humana dos seus agentes e pela qualidade das suas instituições. Temos excelentes exemplos, em Portugal, de equipas fantásticas, com lideranças inspiradoras e com modelos de organização e funcionamento que criam oportunidades, em vez de obstáculos, para o crescimento e reconhecimento do valor individual e coletivo. Estes são, porém, exemplos, ilhas de excelência. Já estive mais otimista em relação ao panorama mais geral. Continuamos a ter o nosso sistema científico muito amarrado a lógicas organizacionais que promovem e protegem interesses corporativos, que acabam por atrair os menos competentes, que muitas vezes controlam os nós de decisão e concorrem para a reprodução de um ambiente organizacional pouco saudável. A boa ciência precisa de um ambiente organizacional saudável, onde possa florescer. Não temos falta de bons cientistas; não estamos é a criar as melhores condições organizacionais para que realizem todo o seu potencial. E isso é lamentável.

Com um currículo consolidado na investigação, o que perspetiva para o futuro? Tem algum sonho profissional que gostaria de ver concretizado?
Eu estou numa fase da minha vida pessoal e profissional em que já tenho pouco interesse em sonhar para mim e para o meu futuro. A maior parte das coisas que estavam diretamente dependentes de mim, de uma forma ou de outra, já as alcancei. Tudo o resto não depende de mim, envolvendo agentes e lógicas que não controlo. Eu estou numa fase da vida em que me interessa mais sonhar com a construção do futuro daqueles e daquelas que ainda estão para chegar. E, aí, continuo a sentir um forte imperativo moral, até na sequência da última pergunta, para me envolver na construção de futuros que não sejam condicionados por culturas de privilégio e interesses instalados, futuros onde os direitos e as liberdades individuais fundamentais sejam, efetivamente, salvaguardados; futuros onde todos e todas tenham uma oportunidade justa de ver reconhecido o seu valor, sem estarem sujeitos a discricionariedades ou a jogos de poder e de dominação. Neste momento, mais do que o sonho, essa visão é o que me faz levantar todos os dias a sentir-me forte e combativa.






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