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Memórias de Resistência: Documentos Confidenciais da Universidade do Porto de 1973 

Neste ano, celebramos os 50 anos desde o fim de uma era de opressão em Portugal, marcada pela Revolução do 25 de Abril. Como parte deste momento de reflexão e comemoração, gostaríamos de destacar um acervo de documentos confidenciais que nos transporta para os tempos turbulentos que antecederam esse marco histórico.

O espólio aqui em análise trata documentos oficiais e confidenciais referentes a autos policiais de alunos das Faculdades de Ciências, Economia, Medicina, Engenharia e Letras da Universidade do Porto, datados de 1973, um ano antes da Revolução do 25 de Abril. Esta documentação revela uma série de acontecimentos que resultaram na detenção de vários estudantes da nossa instituição.

Entre os eventos descritos neste conjunto estão "reuniões não autorizadas" realizadas dentro das faculdades, algumas das quais envolveram o arrombamento de portas, bem como ações de protesto, como a afixação de cartazes com mensagens subversivas em vários locais.

Destacam-se os cartazes redigidos pelos Comités Ribeiro Santos, em homenagem a José António Ribeiro Santos, estudante de Direito e militante da FEML, assassinado pela PIDE em 1971. Esses documentos são testemunhos eloquentes da resistência estudantil contra a ditadura e da luta pelos direitos democráticos. Nestas xerocópias salientam-se algumas frases, das quais: “Apoiemos os nossos colegas presos (...) presos e incomunicáveis na P.I.D.E.”; “Continuemos o combate camaradas! Alarguemos a Luta a todo o país”; “Poder aos operários e camponeses, pelo pão, paz, terra, liberdade, democracia e independência nacional!”
 

Após esses incidentes, foram implementadas medidas de policiamento para garantir que as atividades académicas decorressem sem perturbações, refletindo o clima de repressão que se vivia na época.

O tratamento arquivístico e de conservação destes documentos executado pela unidade de gestão de documentação e informação da UPdigital procura preservar essa memória de resistência e celebrar a coragem daqueles que lutaram por uma sociedade mais justa e livre.

Neste momento de reflexão sobre os 50 anos da Revolução do 25 de Abril, é essencial olhar para trás e reconhecer o papel fundamental da nossa comunidade académica na luta pela liberdade e democracia. Os documentos aqui apresentados são testemunhos valiosos desse período da nossa história, e é nosso dever preservá-los para as gerações futuras.