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2024 aproxima-se do fim, mas ainda há muito a acontecer antes que as portas temporariamente se encerrem para o habitual descanso entre o Natal e a entrada de um Novo Ano. Esta é, porém, a Newsletter de dezembro e por isso abrimos com um caloroso desejo de Boas Festas, acompanhado do tradicional postal, este ano "construído" a partir de um desenho original e expressamente pensado para o efeito pelo arquiteto Egas José Vieira.
Não deixem de comparecer ao lançamento que a seguir de anuncia, sendo que prometemos muitas novidades e já para Janeiro!
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ÁLVARO SIZA OBRA INCOMPLETA
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Lançamento de livro • Fundação Marques da Silva • 14 dez '24
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Álvaro Siza - Obra Incompleta é um projeto editorial da A+A Books pensado a partir de obras que ficaram no papel, por outras palavras, sobre obras não construídas de Álvaro Siza. É constituído por dois volumes: um primeiro para dar lugar a textos de um conjunto de mais de uma dezena de autores, amigos e especialistas da obra de Siza, onde se partilham memórias, análises e reflexões; o segundo, com a apresentação de cada uma destas obras, selecionadas pelo próprio Siza, através de excertos de memórias descritivas, desenhos rigorosos a várias escalas, fotografias de maquetes, esquissos e enquadramento no tempo e no sítio. No seu conjunto, recuperam o pensamento, a concepção, as ideias subjacentes a cada projeto e que, pelo seu poder e manifestação poética, se converteram em modelos e em chaves de leitura, não só para o extraordinário percurso de Álvaro Siza, como da história da Arquitetura.
Para o lançamento deste livro no Porto, Alexandre Alves Costa, Eduardo Souto de Moura, Manuel Aires Mateus e Michel Toussaint virão à Fundação Marques da Silva, no próximo dia 14 de dezembro. Em final de tarde, aqui decorrerá uma conversa sobre Álvaro Siza, que marcará presença, moderada por António Choupina.
A sessão é de entrada livre, sujeita apenas à lotação do espaço.
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UMA NOVA "CASA" PARA AMÂNDIO SILVA
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É singular o percurso de Amândio Silva (1923-2000), vasta e multifacetada a sua obra. Ingressou na Escola de Belas Artes do Porto em 1939, mas a sua formação artística apenas viria a concluir-se - com uma prova final de 20 valores - em 1959, após algumas interrupções e já com um longo trajeto percorrido como pintor. Durante esse período foi discípulo, entre outros, de Acácio Lino e de Dordio Gomes; envolveu-se ativamente, ao lado de Fernando Lanhas, Júlio Resende e Júlio Pomar, nas Exposições d’ Os Independentes; alcançou o 1.º Prémio Meireles Júnior e o 1.º Prémio Rodrigues Soares; conquistou três bolsas - do Governo Espanhol (1950), da Alliance Française (1954) e da Fundação Calouste Gulbenkian (1958) - para estudar Pintura e Tapeçaria em Paris. Em 1962 regressou à Escola como Professor, função que exerceria até à sua jubilação em 1993, lecionando da Pintura às Artes Gráficas e à Tecnologia da Tapeçaria.
Poder-se-á afirmar, e como o próprio Amândio Silva chegou a reconhecer, que a Pintura foi a expressão dominante da sua vocação. Dominante também foi o contínuo apelo e entusiasmo por novas formas de a manifestar ou de se exprimir enquanto criador e artista. Com telas representadas em várias instituições públicas – Museus, Reitoria da Universidade do Porto ou Pousadas (Miranda do Douro, Bragança, Valença do Minho e Palmela) - e coleções particulares, passou pelo figurativo e deixou-se seduzir pelo neorrealismo. Filho de litógrafo e desde a infância familiarizado com o ambiente de uma litografia, explorou as artes gráficas, seja como desenhador, gravador, litógrafo, designer, ilustrador ou até mesmo caricaturista. Obteve, aliás, em 1960, o Prémio Nacional de Gravura Domingos Sequeira. A Tapeçaria ocupou um lugar de destaque nos seus interesses, com trabalhos desenvolvidos para espaços de grande visibilidade pública, como é o caso, numa listagem não exaustiva, dos Palácios de Justiça do Porto, de Lisboa e Lagos; das Pousadas de Valença e Bragança; dos hotéis Reid’s, no Funchal, Porto Palácio, no Porto, e Marinotel, em Vilamoura; assim como das sedes de instituições como a I.T.T. (International Telephone and Telegraph Corporation), em Bruxelas, da Associação Empresarial do Porto ou da Caixa Geral dos Depósitos, ambas no Porto. Dedicou-se igualmente à técnica do Vitral: citem-se, a título de exemplo, os vitrais para a Câmara Municipal de Fafe, a Igreja Paroquial de Modelos, em Paços de Ferreira, ou a Capela das Almas e a Nova Igreja dos Carmelitas Descalços, no Porto. A sua polivalência levou-o ainda a abordar outros domínios: foi ceramista, cenógrafo, escultor e fotógrafo. Expôs a sua obra nacional e internacionalmente, na Europa, mas também no continente americano e asiático, tendo participado, juntamente com Júlio Resende, Ângelo de Sousa e José Rodrigues, na Exposição Universal de Osaka em 1970.
Nesta ânsia de inovação matérica e formal, a produção artística de Amândio Silva encontra-se marcada pela temporalidade que o circunscreve, assim como contaminada por outras dimensões que igualmente definem o seu modo de ser: a paixão pela paisagem duriense e pelo montanhismo, ele que foi um ativo dinamizador do Clube Nacional de Montanhismo; a vertente de colecionador de postais, de arte sacra e oriental; e a participação cívica, tendo colaborado ao longo da vida com diversas coletividades e associações, e chegado a ser Diretor da Casa-Museu Abel Salazar, em S. Mamede Infesta, do Museu da Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, e Diretor Artístico da Casa de Camilo, em S. Miguel de Seide, a si se devendo a dinamização do importante Boletim editado por esta instituição.
Nascido no Porto, a 11 de abril de 1923, nesta cidade viria a falecer a 27 de julho de 2000. Suspenso o tempo do atelier e a indefinição sobre um futuro a dar ao que dele ficou, é na Fundação Marques da Silva que o acervo de Amândio Silva, por vontade da família, encontrou agora uma nova casa. Esta, que é uma instituição habitada por arquitetos, muitos que em vida com ele se cruzaram, é também por matriz e definição um espaço onde cabem outras manifestações artísticas. O acervo que documenta a intensa produção deste Pintor, Professor e Artista Plástico virá assim reforçar e ampliar o sentido das coleções de pintura e de escultura presentes desde a formação da Fundação, passando a fazer parte dos nomes que a ela se têm vindo mais recentemente a reunir com a incorporação de obras de António Cardoso, Francisco Laranjo, Menez ou Manuel Costa Cabral. Em breve poderá ser consultado e estudado. Um gesto que seguramente irá contribuir, não só para preservar a sua memória, como para aprofundar perspetivas de leitura do seu trabalho e do que foi a produção de toda uma geração de artistas portugueses.
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Enquanto se começa a preparar o lançamento de Nuno Portas, Pedro Vieira de Almeida: Teoria e desenho na Arquitectura em Portugal, 1956-1974, de Tiago Lopes Dias, a publicar em coedição com as Edições Afrontamento; e Argumentos 2: em convergência, de Alexandre Alves Costa, uma coedição com a U.Porto Press; estão já no circuito de venda dois livros publicados com o apoio da Fundação Marques da Silva: In class with Távora teaching and Learning (living) today, de Barbara Bogoni e João Mendes Ribeiro, da Amag Editores, e o Livro de Obra: O edifício d' A Nacional nos Aliados, da Dafne Editora, cuja sessão de apresentação decorreu a 30 de novembro na Fundação Marques da Silva.
E foram muitos os que vieram ouvir Fátima Vieira, André Tavares, Cristina Guedes, Francisco Vieira de Campos e Francisco Ascensão falar desta invulgar narrativa do momento em que, cem anos depois da inauguração da sede da Companhia de Seguros A Nacional, se levantou a "pele" do edifício original, para recuperar a estrutura que o sustenta e lhe assegurar a mutação necessária a uma nova vida. É que o título não engana, trata-se de um "livro de obra", feito para fixar esse tempo efémero da construção, esse estado transitório entre o que o edifíco já não é o que está para ser, em que o espaço é povoado por habitantes temporários e se abrem zonas de visibilidade ao que por natureza permanecerá invisível: o tempo do estaleiro.
Este livro, tal como uma obra de arquitetura, é também o resultado de uma vontade coletiva, onde a palavra escrita, habilmente tecida em diálogo com as fotografias de Francisco Ascensão, vai tornando percetível a complexidade e dimensão do trabalho de recuperação d´ A Nacional, levado a cabo pelo atelier Menos é Mais (Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos). Nele se desenha um trajeto dessa ocupação intensa do que é, afinal, um organismo vivo, a deixar entrever as tensões que o assaltam, a singularidade de acontecimentos que vão pautando a evolução da construção e as ressonâncias com a história do projeto original de Marques da Silva, numa desmontagem da lógica cronológica que, numa imprevista sincronia, aproxima o instante primeiro e o agora. Com este discurso assim se dá a entender o que foi feito e se documenta o que dificilmente se pode encontrar num arquivo: o fazer. O livro, que também pode ser adquirido na Fundação Marques da Silva, aí está, pronto para ser lido e surpreender.
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