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UM CAMINHO EM PERMANENTE CONSTRUÇÃO
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No passado dia 5 de abril, na Fundação Marques da Silva, viveu-se um momento especial: o da comemoração de um legado à Universidade do Porto, o do casal de arquitetos Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva, e do gesto de todos aqueles que ao longo de uma já extensa linha de tempo foram entregando a esta instituição o seu património documental e bibliográfico, diretamente ou por via dos seus herdeiros. Hoje, a Fundação Marques da Silva, em conjunto com o Centro de Documentação da FAUP, acolhe acervos de mais de 57 arquitectos e não só, que incluem 279.550 desenhos, 486 maquetas, 44.087 registos fotográficos, 102.509 imagens digitais e 986 metros lineares de documentação escrita. Possui uma das maiores bibliotecas portuguesas especializadas em arquitectura, disponibilizando 28.000 publicações para consulta. O seu núcleo museológico integra uma colecção de pintura (óleo, pastel e aguarela) de 135 peças, além de peças de escultura, cerâmica, têxteis, ourivesaria, medalhística, mobiliário e mesmo alfaias litúrgicas.
Houve e continuará a haver motivos para comemorar a construção deste caminho que continua a progredir, a consolidar-se a cada dia. E porque este presente não seria possível sem o contributo de muitos, reuniram-se para esta ocasião doadores, convidados que nos têm acompanhado e também aqueles que a um tempo foram chamados a presidir a esta instituição - Francisco Ribeiro da Silva, Maria de Lurdes Correia Fernandes, Fátima Marinho. Coube à atual Presidente, Fátima Vieira, a todos receber e agradecer. Houve jantar, um momento musical com o Grupo Vocal da FEUP e confraternização, e houve a abertura de duas importantes exposições: MARQUES DA SILVA: RETRATO DE UM ARQUITECTO, com curadoria de Rui Ramos, e EIDOTECA, com curadoria de Graciela Machado. Se na primeira se marca finalmente neste espaço o percurso deste arquiteto, a sua relevância para a cidade do Porto e para a instituição, com a segunda, firma-se a abertura, numa casa que tem na documentação de arquitetura a sua base estruturante, a múltiplas intervenções artísticas, capazes de criativamente questionar e explorar o potencial do que aqui se guarda.
Este foi ainda o momento de abrir as portas da extensão de Visconde de Setúbal, enquanto se aguarda a possibilidade de se contar com um novo centro de documentação, para mostrar o depósito aí acomodado e o laboratório do papel que Graciela Machado aí tem vindo a dinamizar.
Contudo, se nesta celebração os protagonistas foram todos os que têm vindo a tornar-se parte integrante deste projeto, ficou igualmente claro que a relevância plena desta Fundação faz-se na continuidade do trabalho que nela é quotidianamente feito, na procura e na afirmação de um cada vez maior sentido coletivo, na resposta aos investigadores (disponibilizando-lhes fundos documentais cada vez mais amplos e de estimulantes cruzamentos), a quem nos procura e nos visita.
Ver álbum fotográfico: AQUI
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Exposição • Fundação Marques da Silva • últimos dias
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A exposição PAISAGENS CONSTRUÍDAS entrou nos seus últimos dias. Encerra a 17 de abril para dar lugar a um novo projeto expositivo a inaugurar em maio, integrado na Bienal '25 Fotografia do Porto. Esta iniciativa nasceu de uma ideia original e do trabalho de investigação de Valdemar Cruz, complementado pela lente de Inês d'Orey, convidada que foi a explorar e a captar a qualidade espacial de cada uma das obras selecionadas a partir de um inquérito lançado a um conjunto alargado de personalidades de uma ou de outra forma ligadas à Arquitetura. E se primeiro se deu a conhecer em formato livro, através do percurso proposto por Luís Martinho Urbano para o cenário único que é o Palacete Lopes Martins, ganhou, neste espaço invulgar, uma impactante leitura.
As 16 obras que nela se mostram perfazem um roteiro que apetece percorrer e que potencia múltiplas perspetivas de análise e de debate. Por isso, também, decorreu em paralelo, desde fevereiro, um CICLO DE CONVERSAS moderadas por Valdemar Cruz e com um conjunto de convidados que nos ajudaram a conhecer sob um novo olhar quatro das obras deste invulgar percurso: a Igreja do Sagrado Coração de Jesus (1970, Lisboa), projeto de Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas, com Nuno Grande; o Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas (2014, Ilha de São Miguel - Açores), com dois dos seus autores, Cristina Guedes (menos é mais) e João Mendes Ribeiro; a Vill´Alcina (1974, Caminha), com Sergio Fernandez; e a a Barragem de Picote (1958, Miranda do Douro), projeto dos arquitetos Archer de Carvalho, Nunes de Almeida e Rogério Ramos, com Fátima Fernandes.
Se ainda não teve oportunidade de entrar nesta bela viagem, venha, ou então regresse, pois foi o interesse despertado a justificar o seu prolongamento até abril.
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