MARQUES DA SILVA

retrato de um arquitecto

JEP - Visita Guiada à Exposição - 20 de setembro

O que têm em comum a Estação de S. Bento, o Teatro S. João, os edifícios para os Armazéns Nascimento, para a Companhia de Seguros "A Nacional" ou o edifício-quarteirão para o Conde de Vizela, o "liceu" Alexandre Herculano ou a Casa de Serralves? Todos eles se situam no Porto, poderíamos começar por dizer, e todos são mais do que simples construções, já que com eles se foi moldando a identidade arquitetónica da cidade. Mas, sobretudo, todos fazem parte de uma longa lista de obras que testemunham a convicção transformadora do seu autor, o arquiteto José Marques da Silva. O que nos dizem do tempo que os viu nascer? Será que podemos imaginar a cidade sem a sua presença, perante a inegável força urbana que continuam a manter na cidade contemporânea?
 

A resposta a estas e muitas outras questões que se podem colocar sobre Marques da Silva, a sua arquitetura e o impacto da sua ação na cidade do Porto, encontra-se esboçada na exposição MARQUES DA SILVA: O RETRATO DE UM ARQUITECTO, um programa desenvolvido por Rui Ramos para a Fundação Marques da Silva, assente na seleção de 8 obras de referência da autoria deste arquitecto, em articulação com outros tantos tópicos que se convertem em chaves de leitura para a interpretação da sua obra e da cidade. E porque é com o conhecimento daquilo de que somos herdeiros que melhor poderemos compreender o lugar onde nos encontramos que faz todo o sentido visitar esta proposta e prolongar essa visita por um segundo espaço O DESENHAR DO CAMINHO.
 

Também o tema das Jornadas Europeias do Património — Património Arquitetónico: Janelas para o Passado. Portas para o Futuro — constitui uma chamada de consciência para a necessidade de refletir sobre o património arquitetónico que nos distingue e de reconhecer a sua importância, num gesto que pretende promover a sensibilização para a sua preservação e salvaguarda. Neste contexto, a Fundação Marques da Silva desafiou o curador da exposição, o Professor, Arquiteto e Investigador Rui Ramos, a conduzir uma visita guiada à exposição, no próximo dia 20 de setembro (sábado). Dadas as condicionantes do espaço, que obrigam a ter número limite máximo de 15 participantes, haverá uma visita às 15h, repetindo-se às 16h30 para um segundo grupo. A participação é gratuita, implicando apenas a inscrição prévia através do preenchimento do seguinte formulário: link.

 

Créditos fotográficos: Carlos Oliveira

LOUREIRO 100

MAM'25 - CAUSA PÚBLICA - 26 de setembro

José Carlos Loureiro nasceu há 100 anos. Durante a sua longa vida e produtiva actividade profissional como arquitecto projectou centenas de edifícios que marcaram a paisagem construída de diversas cidades portuguesas. A arquitectura que desenhou, primeiro em nome próprio, depois no Atelier GALP, é simultaneamente afirmativa, generosa e democrática, representando ideais de modernidade, urbanidade e solidez. LOUREIRO 100 celebra o centenário do seu nascimento com um programa de actividades que inclui exposições, conferências, visitas e a publicação de um livro com a sua vasta obra.

 

Entre 2025 e 2026, a Fundação Marques da Silva uniu-se à Câmara Municipal da Maia e ao Lugar do Desenho para propor um vasto programa de celebração que, a partir de hoje poderá ser acompanhado através do site LOUREIRO 100. Entretanto, reserve já uma data, 26 de setembro. Integrada no Mês da Arquitectura da Maia, vai ter lugar a primeira de três exposições, CAUSA PÚBLICA, com curadoria de Luís Martinho Urbano e Joaquim Vieira de Magalhães.

FORA DE PORTAS

IMPASSE, TRÊS VIAGENS
exposição, conversa, viagem
CAAA - Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura (Guimarães)

  

IMPASSE, TRÊS VIAGENS engloba um conjunto de três iniciativas propostas e organizadas pelo Núcleo Impasse — Carlos Fraga, Manuel Carvalho, Maria João Latas, Bruno Quelhas, Nicola D’Addario e Ana Duarte - após um regresso crítico ao território do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal e ao livro publicado em 1961: Exposição, Conversa (18.10) e a Viagem a St.º André, em Montalegre (25.10). Complementares entre si, estas três vertentes foram desenhadas a partir de um projeto de investigação e de (re)leitura da Arquitetura Popular, alinhado com as fronteiras definidas para a Zona II (Trás-os-Montes e Alto Douro, equipa coordenada por Octávio Lixa Filgueiras e com o trabalho de campo de Carlos Carvalho Dias e Arnaldo Araújo), elegendo, como casos de estudo, as aldeias de Montes (Campeã, Vila Real) e Santo André (Barroso, Montalegre).

A exposição, que conta com o apoio da Fundação Marques da Silva,  poderá ser visitada entre 6 de setembro e 25 de outubro. (ver+)

A PORTARIA E CASA DA RODA DO ANTIGO CONVENTO DE JESUS DAS DOMINICANAS DE AVEIRO
novo núcleo museológico
Museu de Santa Joana (Aveiro)

                                     

A 1 de agosto, o Município de Aveiro, que há 10 anos assumiu a gestão do Museu de Santa Joana, assinalou a abertura de um novo núcleo museológico, a Sala da Roda. O novo espaço daquele que foi o convento dominicano feminino onde, em 1472, se recolheu a Infanta D. Joana, filha do rei Afonso V — dois séculos depois, beatificada pelo papa Inocêncio XII — evoca não só a "roda", como a antiga portaria conventual.

Até ao final do mês de outubro, no contexto desta exposição temporária, encontra-se também exposta uma maquete do conjunto, proveniente do acervo da Fundação Marques da Silva, Arquivo Alcino Soutinho. Foi este o arquiteto que, entre 1999 e 2008, projetou e orientou as obras de requalificação e ampliação, encomendadas pelo Instituto Português dos Museus. O atual  Museu foi modelado a partir desta proposta de recomposição volumétrica e dos seus percursos internos, isto é, da interpretação do sentido de preexistências, que após múltiplas vivências e intervenções, em diálogo com a sua história, ficaram aptas a responder a uma nova realidade funcional.

UM ARQUIVO EM EXPANSÃO

Novas doações

Com novas doaçoes à Fundação Marques da Silva, registadas durante o mês de agosto, os acervos de Manuel Teles e de António Cardoso "cresceram", tendo sido ainda criado um novo núcleo documental relativo a Ventura Terra, arquiteto que se cruzou com José Marques da Silva na Academia Portuense e no atelier de Victor Laloux.


No caso do Arquiteto Manuel Teles, para além de desenhos relativos à sua formação académica na ESBAP e daquela que constitui uma verdadeira descoberta, a maqueta do projeto para o CODA — Conjunto de Habitações Rurais, Federação das caixas de Previdência, Casa do Povo de Pegarinho — defendido em 1964, esta nova doação integra uma componente importante bibliográfica, onde se incluem livros e periódicos reveladores das suas primeiras referências no campo da Arquitetura e do Urbanismo.

 

Para o acervo do Professor, Historiador de Arte e Pintor, António Cardoso, entrou um conjunto de cartas e de catálogos relativos a exposições onde participou enquanto artista, organizador ou colecionador, assim como dois fascículos, da década de 1950, das Publicações de Arte Contemporânea. Novos elementos que permitem documentar não só o seu trabalho, mas toda a rede de relações que, desde cedo, estabeleceu com artistas da sua geração, caso de Fernando Lanhas, Amândio Silva, Álvaro Siza ou Júlio Resende, entre muitos outros.
 

Se as anteriores doações chegaram pelas mãos dos respetivos filhos, outro foi o caminho percorrido pelos documentos relativos à obra de Ventura Terra, doados pelo seu sobrinho, Mário Rui Ramos. Trata-se de um conjunto de 56 fotografias de obras construídas que têm vindo a ser expostas, assim como uma fotografia de família, com Ventura Terra rodeado pela sua esposa Marie Louise, as suas sobrinhas, Eugénia, Ruth e Lúcia, e o seu muito acarinhado cão Açor, bem como uma cópia em tamanho original de um desenho académico em tela aguarelada, datado de 4 de novembro de 1890, apresentado a um Concours d´Émulation e assinado por "Terra, élève de MM. André et Laloux".

A PROPÓSITO DE LIVROS

O final de agosto e os primeiros dias de setembro, em matéria de livros, no Porto, são sempre dominados pela Feira do Livro, onde a Fundação Marques da Silva voltou a estar representada através de títulos editados com a sua chancela ou o com o seu apoio, do Pavilhão da Universidade do Porto, à Circo de Ideias, passando pelo Pavilhão das Edições Afrontamento.

Mas a 27 de julho houve uma novidade editorial a destacar no âmbito do projeto Novo / Antigo. Depois dos volumes dedicados a Fernando Távora, já na sua segunda edição, foi agora a vez de Escola do Porto. Obras. Igualmente  sob coordenação de Teresa Cunha Ferreira e David Ordoñez, num formato bilingue, o livro editado pelas Edições Afrontamento e pela FAUP, com o apoio da Fundação Marques da Silva, apresenta vinte e duas obras por arquitetos formados na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), entre os quais Alcino Soutinho, Fernando Távora, José Carlos Loureiro, Alfredo Matos Ferreira, Bernardo José Ferrão, Francisco Barata Fernandes e Adalberto Dias, cujos arquivos profissionais se encontram nesta Fundação, enquadradas por textos críticos de autores nacionais e internacionais. Nele se expõem reflexões sobre o legado da Escola do Porto enquanto abordagem contemporânea de intervenção em preexistências aberta a novas sínteses e resignificações, em continuidade com a tradição.
 

Mas também a Biblioteca Corrente da Fundação Marques da Silva apresenta novos títulos disponíveis aos investigadores que a procuram, caso do livro referido, bem como do catálogo da exposição O que faz falta: 50 anos de arquitetura portuguesa em democracia, tanto na versão portuguesa quanto na versão em língua inglesa.

 

ACONTECEU

2 de setembro
entrega de prémio
O desafio lançado no DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA pela Fundação Marques da Silva teve um vencedor: Paulo Borges, o primeiro a identificar o lugar (galeria de acesso aos apartamentos do Bloco A do Conjunto Habitacional do Luso, no Porto) e o autor da fotografia então publicada (José Carlos Loureiro). Recebeu assim dois livros publicados pela Fundação, Arquiteturas Italianas, de Paolo Zermani, e Do projeto clássico à memória da ordem, de José Ignacio Linazasoro.

 

7 de setembro
encerramento da exposição
O QUE FAZ FALTA. 50 ANOS DE ARQUITECTURA PORTUGUESA EM DEMOCRACIA, uma iniciativa da Casa da Arquitectura, com curadoria de Jorge Figueira e Ana Neiva, que contou com a colaboração da Fundação Marques da Silva.

 

10 a 13 de setembro
conferência temática
THE BUILT OCEAN. Organizada na FAUP em colaboração com a rede europeia de historiadores de arquitectura - EAHN, a conferência é parte integrante do projecto de investigação Fishing Architecture (ver+)

 

12 de setembro
prémio de fotografia / exposição / lançamento de livro
CONCURSO INTERNACIONAL DE FOTOGRAFIA LUÍS FERREIRA ALVES | UM OLHAR CONTEMPORÂNEO SOBRE A ARQUITETURA. Na Antiga Câmara do Porto foram atribuídos os prémios aos trabalhos distinguidos. "Frequent Whites", fotografias da cidade de Pardis, do iraniano Maho foi o vencedor desta edição que ainda premiou Cyrille Weiner (2.º), Sergio Belinchón (3.º) e atribuiu uma menção especial a Sana Ahmadizadeh. Os trabalhos deram lugar a uma exposição e a um livro.  (ver +)

 

13 de setembro
dia aberto
O CINETEATRO VALE FORMOSO, projetado por Francisco Granja, foi adquirido pela produtora UAU, que se propõe agora proceder à sua requalificação. Neste dia foi possível a todos os interessados conhecer o projeto e visitar o espaço antes de encerrar para obras.

 

15 de setembro
abertura do ano académico da FAUP
LEVE, conferência de Inês Lobo inspirada num texto de José Tolentino de Mendonça.
A sessão incluiu também a entrega dos Prémios Pedro Branco, Ricardo Spratley e Nicolau Nasoni,  assim como o reconhecimento dos estudantes que concluíram o doutoramento em 2023/2024. (ver+)

A ACONTECER

18 de setembro
exposição
ARQUITECTAS DA LIBERDADE continua a sua itinerância. A partir de 18 de setembro e até 2 de outubro poderá ser visitada na Faculdade de Engenharia da UBI, na Covilhã. (ver+)

 

23 de setembro
conferências Nuno Portas
Um TRIBUTO AO ARQUITECTO, CRÍTICO, INVESTIGADOR E PROFESSOR  que vai dar início ao ciclo de conferências organizado pela FAUP, dedicado à valorização e continuidade da acção e pensamento de Nuno Portas. (ver+)

 

23 de setembro
última lição
LÚCIA ALMEIDA MATOS, ex-diretora da FBAUP e membro do Conselho Científico da Fundação Marques da Silva vai proferir a su última lição: Do pensar, do ver, do fazer: lições aprendidas, lições partilhadas. O programa conta ainda com as intervenções do Reitor da UP e das Professoras Maria José Goulão, Raquel Henriques da Silva e Laura Castro.  (ver+)

 

até 3 de outubro
exposição
TÁVORA / ARCHITETTURE / PAESAGGI / GENEALOGIE é uma iniciativa do Campus de Mântua do Politecnico di Milano, com curadoria de Barabara Bogoni e Marco Cillis. Surge como o culminar de todo um conjunto de ações desenvolvidas desde 2023, ano do centenário do nascimento de Fernando Távora e dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos por professores, investigadores e alunos, italianos e portugueses, deste Campus sobre algumas das obras de referência deste arquiteto. A exposição pode ser visitada no Palazzo Martinengo delle Palle, em Brescia. (ver+)

 

até 31 de outubro
exposição
PRÉMIO DE FOTOGRAFIA LUÍS FERREIRA ALVES, inaugurada no passo dia 12 de setembro, poderá ser visitada na Antiga Câmara do Porto. Aqui se apresentam os trabalhos distinguidos na 1.ª edição deste Prémio. (ver+)

 

23/24 de setembro
conferências
CONSTRUYENDO PAISAJES é a conferência dos RCR Arquitectes que o Espaço de Arquitectura promove em Lisboa (23) e no Porto (24). Um ciclo para dar a conhecer o pensamento e o processo criativo do atelier (ver+)
 


25 de setembro
seminário
INHAVIT - Sustainability-led approaches for the rehabilitition and revitalization of the cultural heritage of Montesinho Natural Park vai ter lugar na Universidade do Minho e tem por foco a caracterização e valorização do património vernáculo do Parque natural de Montesinho. A participação gratuita, mas dependente de inscrição prévia através de formulário online.

 

desde o mês de agosto
Está disponível para consulta pública o RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2024, assim como o suplemento ANIVERSÁRIOS.

ANIVERSÁRIOS SETEMBRO '25

(destaques que podem ser lidos no Site e na página de Facebook)

7 de setembro | Maria José Marques da Silva: imaginar um portão que não esconde, mas convida a entrar
 

9 de setembro | José da Cruz Lima: uma casa para a Rua Tristão da Cunha

16 de setembro | Fernando Lanhas: dois projetos para um mesmo lugar, a rua António Nobre
 

23 de setembro | Nuno Portas: a moradia para Vila Viçosa, um "projeto laboratório"

Nuno Portas

in memoriam

Faria 91 anos no próximo 23 de setembro. Partiu a 27 de julho, discretamente. Sempre guiado por uma ética humanista, viveu intensamente. Tinha por urgente uma necessidade de questionar o mundo, de lhe procurar as razões, aqui e além-fronteiras. Aliou a essa incessante inquietação o apelo à ação, das mais variadas formas, sempre exigindo o direito ao assombro e à liberdade de pensamento. Pelos caminhos que percorreu, pela obra feita, pelo que ensinou e inspirou, transcendeu o tempo, essa comum condição terrena, para se tornar sempre presente. Nem a arquitetura portuguesa o poderá esquecer nem o país, do qual nunca desistiu.
 

Ao longo destas nove décadas, do cinema à arquitetura, passando pelas viagens, pela fotografia, pelos livros; do exercício crítico ao empenho pela arte de ensinar; da capacidade para estabelecer pontes e relações que lhe permitiam não ser apenas um intelectual e um sedutor comunicador, mas um homem de ação, Nuno Portas sempre se diferenciou. Perseguiu a utopia sem nunca recusar o confronto com a realidade, mantendo a capacidade de empatia com o outro, a vontade de ser um agente de mudança, de lutar sempre pela concretização das ideias que o assaltavam.  Por isso se fez também político, deixando um legado indiscutível, em particular na área do planeamento urbano e no domínio da habitação. Recebeu distinções várias. Jorge Figueira, lembrando que “há homens insubstituíveis”, escreveu no Jornal Público que Nuno Portas foi “um arquitecto e urbanista para quem tudo era possível, carismático e brilhante”. De genialidade falou também Helena Roseta recentemente na Fundação Marques da Silva, no lançamento do livro de Tiago Lopes Dias, onde Nuno Portas é um dos protagonistas. Foi esta Fundação a instituição que, por decisão dos seus filhos, Catarina e Paulo Portas, em 2022, recebeu em doação o seu acervo documental e o disponibiliza agora para investigação. O seu estudo muito poderá ainda vir a revelar sobre a sua produção teórica, a sua abordagem metodológica, as suas premissas ideológicas. Inovador e antecipador de um futuro do qual somos hoje beneficiários, impõe-se agora prestar a devida homenagem à memória do seu legado, à irreverência tão necessária neste nosso tempo do seu olhar crítico, informado, comprometido.
 

As cerimónias fúnebres decorreram na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, essa "cidadela ecuménica" que projetou conjuntamente com Nuno Teotónio Pereira durante a década de 60, repousa agora em Vila Viçosa, num regresso final à terra que o viu nascer.

Praça do Marquês de Pombal, 30-44/
Rua Latino Coelho, 444, Porto Portugal

FUNDAÇÃO MARQUES DA SILVA

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