Acordo com Hospital das Forças Armadas foi primeiro ato oficial
Altamiro da Costa Pereira já tomou posse como diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), numa cerimónia que encheu por completo o Salão Nobre da Reitoria da U.Porto, no dia 30 de novembro.
A tomada de posse coincidiu, de forma muito significativa, com a assinatura do acordo de cooperação institucional entre a FMUP e o Hospital das Forças Armadas, acordo esse assinado pelo diretor da FMUP e pelo Tenente-Geral António Martins Pereira, em representação do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Almirante António Silva Ribeiro.
“Tal é a importância que atribuo a este acordo que o assinarei a seguir como primeiro ato oficial deste segundo mandato”, afirmou o diretor da FMUP, sublinhando os benefícios que deverão advir desta parceria com o HFAR – Polo do Porto e da constituição do futuro Centro Clínico Universitário D. Pedro V.
Apesar do seu júbilo pelos “níveis de crescimento e desempenho nunca antes atingidos”, pela “recuperação da autoestima que estava em decréscimo nas últimas duas décadas” e pela superação de vários problemas, Altamiro da Costa Pereira não prevê um mandato mais fácil do que o anterior, marcado pela pandemia de COVID-19.
Entre as prioridades deste seu mandato, disse estar “a recuperação do seu valioso património imobiliário, de que foi despojada há alguns anos”.
Numa altura em que se aproxima o bicentenário da Real Escola de Cirurgia do Porto, antecessora da FMUP, o novo diretor foi incisivo: “Não gostaria de comemorar os 200 anos da minha escola seja como “homeless”, seja a viver em domicílio alheio ou por empréstimo”.
Os desafios do futuro passam também pela implementação de uma nova licenciatura em Saúde Digital e Medicina de Translação e pela criação de múltiplos centros pluridisciplinares e eventual redução de departamentos, bem como pela política de recursos humanos. Neste ponto, apelou à Reitoria no sentido de encontrar “formas de contratualização mais ágil” e “modelos de atribuição de incentivo a quem mais se esforça e mais produz”.
Nesta cerimónia falaram igualmente o presidente do Conselho de Representantes da FMUP, João Bernardes, e o reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira. João Bernardes expressou “palavras de regozijo, louvor e esperança”. Regozijo por uma votação clara e inequívoca no candidato e na sua equipa e louvor ao diretor pelo que tem feito pela Faculdade, nomeadamente na área do ensino e das novas metodologias de ensino/aprendizagem.
Louvor também pela “renovação e rejuvenescimento dos quadros de pessoal”, pelo “lançamento das obras de remodelação”, pela “luta firme pela recuperação das instalações”, pela “colaboração convicta e sem precedentes com o Sistema Nacional de Saúde”, pela contratação de “um número nunca visto de docentes oriundos de hospitais afiliados, pela criação do RISE, pelo trabalho junto de estudantes e funcionários e pelo estabelecimento de parcerias”, por exemplo.
Já o reitor da Universidade do Porto deixou a garantia de que a FMUP pode contar com o apoio da Reitoria para se desenvolver, assim como a U.Porto conta com a FMUP para o seu desenvolvimento.
“A FMUP é certamente uma das faculdades com mais dimensão e mais história e, portanto, cabe-lhe uma responsabilidade acrescida na estratégia da U. Porto. Temos divergências, públicas e notórias, mas isso não impede que, no essencial, estejamos de acordo. As divergências são sobre o caminho a seguir e não sobre o objetivo a atingir”, afirmou.
Acordo de Cooperação Institucional com o HFAR assinado
Na segunda parte desta cerimónia, foi assinado o Acordo de Cooperação Institucional, que, nas palavras do Tenente-Geral António Martins Pereira, permite estreitar a colaboração nas áreas do ensino, investigação e inovação, promovendo sinergias e explorando oportunidades na área da Saúde.
Falando em representação do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, o Tenente-Geral salientou o papel dos militares na cidade do Porto, recordando que a Régia Escola de Cirurgia do Porto, antecessora da FMUP, foi iniciativa do Cirurgião-mor do Exército e da Armada Real de D. João VI, Teodoro Ferreira de Aguiar. Mais recentemente, o polo do Porto do Hospital das Forças Armadas foi mesmo o primeiro hospital a nível nacional a receber idosos provenientes de lares durante a crise pandémica, tendo recebido largas centenas de doentes COVID-19 em apoio ao SNS.
No âmbito da reestruturação da saúde militar, “o acordo celebrado abre portas a uma colaboração recíproca no âmbito das atividades de ensino, investigação e prestação de serviços clínicos em ambulatório e internamento, que contribuirá para melhor servir as Forças Armadas e a Universidade do Porto, nomeadamente nas áreas clínicas da imagiologia, da medicina desportiva, da medicina geral e familiar, da medicina da emergência e das catástrofes e da medicina do viajante, assim como em áreas tecnológicas avançadas, como a telemedicina e a simulação médica”.
Está previsto, desde logo, que os docentes da FMUP possam complementar o exercício da sua atividade no HFAR e que os médicos deste hospital possam colaborar como docentes da faculdade.
O Centro Clínico Universitário D. Pedro V irá ainda “estimular o desenvolvimento de projetos colaborativos que possam tirar partido da extrema riqueza do universo das Forças Armadas como laboratório de excelência para a investigação em saúde, permitindo o alargamento do espetro da oferta dos referidos serviços a países amigos, com especial enfoque nos de língua portuguesa”.