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Nº #51  Out 2024
 
 
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Faculdade de Medicina
da Universidade do Porto
 
 
Acompanhar a evolução

A FMUP vai celebrar os duzentos anos de existência durante o corrente ano letivo. É difícil calcular o número de médicos, de professores de medicina, de investigadores e de alguns poucos, homens e mulheres, que, licenciados, optaram por outros destinos profissionais, tendo todos beneficiado de várias formas da sua passagem pela nossa instituição.


Estes dois séculos requereram ajustamentos sucessivos nos planos de estudo, para acompanhar a enorme evolução dos conhecimentos e a resposta que a sociedade esperava do corpo de clínicos. Algo se manteve constante, a expectativa de que a FMUP ensinasse os seus formandos a recolher a informação necessária junto do doente de modo que um plano de ajuda / tratamento fosse estabelecido. Durante este tempo, surgiram avanços na forma como se realiza o exame físico e a sua interpretação e este binómio, história e exame físico, mantém toda a atualidade e importância. Muito mais tarde, a extraordinária evolução da medicina decorreu do acumular progressivo de saberes, em diferentes áreas, fornecido por contribuições oriundas de vários ramos das ciências, incluindo algumas, notoriamente, independentes da medicina. Naturalmente, esta agregação de conhecimentos fomentou um movimento contrário, a autonomização de várias subespecialidades, muito para além da tradicional divisão medicina / cirurgia.


No fim do século passado, ficou claro que um saber universal, médico ou cirúrgico, passava a ser um sonho impossível. Mesmo as subespecialidades não pararam nos seus movimentos de subdivisão quase fractal. Os cursos de medicina tiveram de responder a este desafio e foram obrigados a hierarquizar os saberes e atitudes que pretendiam transmitir durante a formação.


A FMUP, apropriadamente, promoveu várias reformas, a mais radical talvez tendo sido o ensino por blocos. Como nefrologista, lembro-me do choque que para mim constituiu a redução do tempo de ensino, de oito semanas para duas, na altura em que os conhecimentos e as propostas terapêuticas da minha especialidade avançaram como nunca, para bem dos doentes, que, em resultado disso, adiaram por anos uma morte que até então ocorria num período de alguns meses.


Não é nada fácil estabelecer parâmetros de avaliação dos resultados do ensino, seja ele qual for, talvez ainda mais na medicina. Aquilo que vem a revelar-se um bom médico ou um bom cirurgião é algo que só se vislumbra de uma forma mais nítida ao fim de alguns anos de exercício da profissão, a sociedade tem plena consciência disso e exige um período de exercício tutelado por que todos passamos e que benevolamente recordamos. Neste ambiente complexo somos forçados a recorrer ao que chamamos o estado da arte. Só ele nos permite apreender se estamos numa posição correta ou, pelo menos, validada pelos nossos pares. Fazemos isso nas práticas médica, cirúrgica, de pesquisa e também no ensino.


Quando recebi o testemunho na direção do Mestrado Integrado em Medicina (MMED), fiquei desconfortável com o plano de estudos (PE) vigente e que não conhecia na sua totalidade. Procedi a uma análise comparativa do nosso PE com o de outras escolas médicas portuguesas e europeias, privilegiando as inglesas, de que há estudos públicos aprofundados e recentes, mas também de algumas francesas, belgas e alemãs. Não fiquei surpreendido pela distância pedagógica, algumas tinham modelos de ensino diferentes do nosso, com repercussões na distribuição das matérias pelas disciplinas básicas e no tempo de início de exposição dos estudantes aos doentes. Outra característica é a reduzida duração do nosso ano profissionalizante comparativamente com as mais de quarenta semanas nas congéneres inglesas e alemãs.


Há poucos dias apresentei ao Conselho Pedagógico um plano para um pequeno ajustamento curricular. Este plano pretende reforçar a tríade que reputo nuclear para o estudo da medicina: observação – interpretação – simulação / reobservação. Pretendo melhorar e aumentar a exposição dos discentes aos doentes, alargar o estudo da fisiologia, com a promoção da fisiopatologia a unidade nuclear, introduzir três novas cadeiras, a geriatria, a morbilidade hospitalar e as competências clínicas de emergência. Duas cadeiras adicionais de simulação são propostas para providenciar saberes que só desta forma podem ser eticamente aprendidos e formar os estudantes em SBV –Suporte Básico de Vida e SAV – Suporte Avançado de Vida.


Na sequência de alguns desenvolvimentos, esta proposta será trabalhada e melhorada numa comissão de revisão curricular a criar com esse fito, aproveitando aquilo que avancei, muito contido, mas acredito que produtivo. Quero deixar esta nota final: tenho dúvidas que seja possível fazer uma aproximação determinada ao ano profissionalizante inglês ou alemão, mas é para aí que devemos caminhar.


José Gerardo Oliveira
Diretor do Mestrado Integrado em Medicina da FMUP



 
 
 
 
PRODUTIVIDADE NO TRABALHO CAI ATÉ 70% COM MAU CONTROLO DA RINITE E DA ASMA

Um mau controlo da rinite alérgica e da asma, sobretudo quando associadas, prejudica a produtividade no trabalho, implica mais custos económicos e diminui significativamente a qualidade de vida.


É o que mostra um conjunto de estudos realizados por investigadores da FMUP, que avaliaram dados de milhares de doentes em todo o mundo. As pessoas com rinite alérgica podem ser 40% menos produtivas em semanas com doença mal controlada, o que se traduz em perdas económicas na ordem dos 90 euros por pessoa e por semana, em Portugal.



 
 
ESTUDO ASSOCIA REDES SOCIAIS A FERIMENTOS AUTOINFLIGIDOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A exposição de crianças e adolescentes às redes sociais está significativamente associada ao aumento do risco de comportamentos autolesivos, com gravidade ligeira a moderada e sem intenção suicida.


Os investigadores da FMUP examinaram dezenas de estudos internacionais e concluíram que essa ligação é clara, embora não se possa falar numa relação de causa-efeito. Estes comportamentos são “um mecanismo para aliviar emoções negativas e difíceis de lidar, expressar angústia, autopunir-se ou, mais raramente, punir outros”.



 
 
 
INVESTIGADORES IDENTIFICAM MARCADORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM GRÁVIDAS

A presença de um conjunto específico de proteínas na urina de mulheres grávidas pode ajudar a identificar as que correm maior risco de desenvolver problemas cardíacos no pós-parto. A conclusão é de um estudo da FMUP, publicado na Scientific Reports, que analisou as proteínas presentes na urina (proteoma) de uma coorte de 59 grávidas, das quais 32 eram saudáveis e 27 tinham pelo menos um fator de risco cardiovascular.


“A gravidez obriga o corpo da mulher a adaptar-se ao crescimento e desenvolvimento do feto. O coração é um dos órgãos que sofrem ajustes, como um aumento da massa do ventrículo esquerdo. Em condições normais, estas alterações habitualmente regridem e a anatomia e a função cardíaca voltam ao normal após o parto, tornando a mulher grávida um bom modelo de estudo desta recuperação”, refere Inês Falcão-Pires, investigadora da FMUP, coordenadora do estudo e da coorte PERIMYR, cujos resultados foram apresentados no I Encontro “PERIMYR & OralBioBorn”, que decorreu no passado dia 4 de outubro.


Ana Filipa Ferreira, autora principal do estudo, explica que o principal objetivo era a identificação do perfil de proteínas na urina de mulheres sem fatores de risco e com fatores de risco, nomeadamente obesidade e/ou hipertensão e/ou diabetes tipo 2 ou gestacional.


De facto, de entre 342 proteínas consideradas, a investigação conseguiu identificar 17 proteínas relacionadas com alterações cardíacas persistentes após o parto, nomeadamente com o aumento da massa do ventrículo esquerdo. Incluem-se aqui fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF-1), produzida pelo fígado e associado ao crescimento fetal. Para a identificação destas proteínas, António Barros, também investigador da FMUP, recorreu a ferramentas estatísticas avançadas.


Segundo os autores, as proteínas identificadas na urina podem indicar como o coração se readapta após a gravidez. Algumas dessas proteínas sinalizam “uma recuperação mais lenta do ventrículo esquerdo, enquanto outras indicam um retorno mais rápido à condição normal”. Estas proteínas poderão funcionar como biomarcadores, refletindo as mudanças estruturais e funcionais que ocorrem no coração.


“O perfil do proteoma da urina reflete o processo de remodelagem cardíaca reversa, o que significa que a análise das proteínas na urina poderá ser um meio complementar de avaliar o risco cardiovascular em mulheres durante e após a gravidez”, sublinha Inês Falcão-Pires.


Também de acordo com Ana Filipa Ferreira, “este proteoma permitirá sinalizar grávidas com maior probabilidade de desenvolver alterações cardiovasculares, nomeadamente uma remodelagem cardíaca incompleta, que parece ser precursora do desenvolvimento das doenças cardiovasculares a longo prazo. Esta abordagem salienta a pertinência de um acompanhamento mais próximo dessas mulheres, principalmente após a gravidez”.


Este estudo foi distinguido com o Prémio Saúde Cardiovascular da Mulher pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia, conjuntamente com a Organon, no Congresso Português de Cardiologia 2024, e é parte integrante do projeto PERIMYR, uma iniciativa abrangente que visa aprofundar o conhecimento sobre os riscos cardiovasculares durante a gravidez e no período pós-parto.


Os resultados obtidos contribuem significativamente para o objetivo global do projeto, fornecendo importantes indicações sobre os marcadores biológicos associados a estas condições.



 
 
 
 
ESTUDO INDICA GANHO FINANCEIRO DE ENVELHECER COM SAÚDE 


 
 
PROFESSOR DA FMUP INTEGRA GRUPO EUROPEU EM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


 
 
PODCAST #10 | TER UM PAPEL ATIVO NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES


 
 
MET-CONF 24 IRÁ REALIZAR-SE NA FMUP


 
 
FMUP NOS MEDIA

- O Público deu conta dos resultados de um estudo desenvolvido por investigadores da FMUP sobre o uso de antidepressivos para diminuir o risco de tentativa de suicídio em doentes deprimidos.


- “Na urina das grávidas há pistas que podem prever futuras doenças cardíacas” é o título do artigo do Jornal de Notícias, a propósito de um estudo desenvolvido na FMUP.


- À Antena 1, Filipa Carvalho, geneticista e professora da FMUP, comentou a atribuição do Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia aos cientistas Victor Ambros e Gary Ruvkun.


- A Agência Lusa noticiou os resultados do estudo que concluiu que as redes sociais estão associadas a ferimentos autoinfligidos em crianças e adolescentes.


- A FMUP foi palco da emissão do programa “Somos Academia”, transmitido no Porto Canal, num episódio em que o tema do “centralismo” marcou o debate.


- O estudo da FMUP sobre o mau controlo da rinite e da asma foi destaque no programa Fricção Científica, emitido na Antena 3.


- Ouvido pelo Jornal de Notícias, João Sérgio Neves, professor da FMUP, comentou o resultado de um ensaio clínico que conseguiu reverter a diabetes tipo 1 a uma doente chinesa.


- Ao Viral, António Sarmento e Paulo Santos, professores da FMUP, prestaram esclarecimentos em duas notícias de verificações de factos relacionados com temas da área da saúde.


- O pediatra e professor da FMUP Manuel Magalhães foi um dos convidados do programa Sociedade Civil, da RTP 2, num episódio dedicado à educação nas creches.



 
 
 
 
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Edição: Unidade de Gestão de Comunicação - FMUP | Redação: Olga Magalhães, Daniel Dias, Cláudia Azevedo | Infografia e Imagem: Bárbara Mota, Miguel Alves e Hugo Silva | Produção: Pedro Sacadura
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