No rescaldo das palavras que proferi na celebração do primeiro Dia da Graduação da Faculdade - sob a égide do Presidente da República e contando com a presença de inúmeras personalidades relevantes para as atividades da FMUP - e da recente publicação da FMUP em Números, importará aqui recordar que, embora a Faculdade mantenha um elevado nível de desempenho em duas das suas principais missões, a do ensino e a da investigação, algumas dificuldades maiores, ou mesmo ameaças, ensombram hoje o seu futuro.

A primeira respeita às enormes dificuldades de contratação e de promoção dos seus docentes - nomeadamente os clínicos e os de carreira - que têm impedido não só a natural e desejada renovação dos seus quadros, mas também o desenvolvimento das crescentes necessidades da sociedade em termos de formação pós-graduada, na área das Ciências da Saúde.

A segunda, prende-se com a inadaptação, exiguidade ou mesmo inexistência de instalações, designadamente as destinadas às suas atividades de interface com a comunidade - nomeadamente as relativas à Medicina Geral e Familiar, à Medicina Preventiva, Desportiva, Ocupacional e de Saúde Pública - bem como às de investigação clínica e de translação, sobretudo após ter conseguido integrar - através da recente criação do RISE - o restrito clube dos laboratórios associados do nosso sistema científico nacional.

Ou seja, sem quadros ou instalações bastantes, a Faculdade poderá em breve deixar de ter algumas das mais cruciais condições para continuar a desenvolver e a liderar o ensino e a investigação em Medicina e em Saúde, a não ser que se venha a desenvolver, com maior realismo e audácia, as necessárias diligências para se vir a integrar num verdadeiro Centro ou Sistema Académico Clínico, articulando-se melhor com o Centro Hospitalar Universitário de S. João e outras instituições prestadoras de cuidados de saúde, com unidades de investigação fora do seu perímetro institucional mais restrito e ainda com empresas relevantes, visando garantir, de modo partilhado e articulado, as necessárias condições à prossecução da sua tripla missão, incluindo a função assistencial e a criação de valor económico, cultural e social.

Neste sentido, as próximas eleições de 14 e 15 de junho para o Conselho Geral constituem não só uma oportunidade ideal para reforçar a posição e a visão institucional da Faculdade de Medicina junto deste Conselho e do Reitor da Universidade do Porto, como uma excelente oportunidade para os seus docentes e investigadores interagirem mais com os das outras unidades orgânicas da UP. Esta interação e diálogo - nomeadamente com os docentes e investigadores do ICBAS, entidade congénere que duplica a oferta formativa em Medicina na nossa universidade - tornam-se cruciais se quisermos vir a ter uma estratégia articulada e eficiente de desenvolvimento futuro da área da Saúde na UP, capaz de ser competitiva, a nível nacional e internacional, seja na atração de estudantes de pré e pós-graduação, na captação de  investimentos públicos e privados, ou na realização de parcerias, mutuamente lucrativas, com empresas da área da Saúde.

Altamiro da Costa Pereira
Diretor da FMUP

Perante uma audiência distribuída por quatro salas emblemáticas e muitas centenas a assistir virtualmente, a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) celebrou, no passado dia 5 de maio, o “Dia da Graduação”, um momento repleto de simbolismo para os jovens médicos e os académicos que se dedicam à investigação na área da saúde.

Na Aula Magna, o Presidente da República “graduou” os mais recentes 267 novos médicos da FMUP, aos quais se juntaram também estudantes premiados, novos mestres, doutorados e académicos que obtiveram o título de agregado, num gesto emblemático da sua pertença à academia e do seu compromisso com a sociedade, em tempos especialmente desafiantes.

No discurso que tinha planeado, mas que preferiu deixar de parte e dizer o que lhe ia “na alma”, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou todos os distinguidos na cerimónia por terem ultrapassado dois últimos anos letivos “exigentes, rigorosos e sacrificados”, mas que permitiram “demonstrar a qualidade do ensino de medicina e da ciência em Portugal”.

“Ninguém tem uma carreira científica e académica e muito menos uma carreira no domínio da medicina sem paixão”, afirmou o Presidente da República, que aproveitou o momento para agradecer à FMUP o que tem feito pelo país ao longo de quase dois séculos de existência.

E se as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa poderiam ser interpretadas como uma exaltação à resiliência dos profissionais ligados à área da saúde, o discurso do diretor da FMUP recordou que “é pela ciência e as arte médicas, pela dignidade da vida e a compaixão pelos doentes, pelo desenvolvimento social e cultural da sociedade onde está inserida” que a FMUP se tem empenhado, desde 1825, na época sob a designação de Real Escola Cirúrgica do Porto.

Altamiro da Costa Pereira aproveitou a ocasião para lembrar “todas as inúmeras instituições e entidades, públicas e privadas, de ensino, de investigação, empresariais, nacionais e estrangeiras que connosco têm partilhado ideias e concretizado projetos”.

- As palavras proferidas pelo Presidente da República durante o Dia da Graduação da FMUP foram destaque no Expresso e na Visão, entre outros órgãos de comunicação social.

- A RTP veio conhecer a técnica que permite bloquear a transmissão de doenças genéticas a novas gerações, um procedimento que, em Portugal, é realizado unicamente na FMUP/CHUSJ.

- João Torres e Maria João Leite, professor e investigadora da FMUP, lideraram a investigação que descobriu os fatores que estão na origem de uma das lesões do ombro mais frequentes, bem como o seu tratamento mais adequado. A notícia é do Observador.

- “Máscaras - um legado pós-pandémico” é o título do artigo de opinião assinado no Público pelos professores da FMUP Bernardo Mateiro Gomes e André Moreira.

- Ao Expresso, João Bernardes, professor da FMUP, disse ser “razoável esperar que não haja nenhuma relação” entre as vacinas contra a COVID-19 e alterações no ciclo menstrual.

- “E se a hiperatividade e o défice de atenção infantil estiverem ligados à saúde do intestino?” é o título do artigo da Visão sobre o estudo que está a ser desenvolvido na FMUP, coordenado por Joana Gomes, professora da Faculdade de Medicina.

- Ricardo Fontes-Carvalho e Tiago Fonseca, ambos professores da FMUP, foram convidados do programa “Sociedade Civil”, transmitido na RTP2.

- O professor da FMUP Guilherme Macedo revelou, à Agência Lusa, que o teletrabalho é um grande obstáculo à saúde digestiva.

- Em entrevista ao Porto Canal, no programa “Mentes que Brilham”, o  investigador da FMUP José Paulo Marques dos Santos falou sobre a neurociência da decisão e o neuromarketing.