Caríssimos Insignes Finalistas, dirijo-vos as palavras que se seguem. Aos colegas para os quais, tal como eu, este ano letivo não terá sido o último, espero que as leiam também e que nelas antevejam já saudade. Aos docentes, aos médicos, aspiro a trazer à tona a nostalgia.
Muitos parabéns, Finalistas. Esta majestosa semana (já lá vai um mês...) mais do que de palavras é de emoções, vossas, dos vossos, da nossa casa comum. E por isso tentarei ser breve e num sopro fazer jus ao turbilhão de sentimentos que certamente terão neste momento. Foi para mim um privilégio enorme acompanhar grande parte do vosso percurso por cá. Ensinaram-nos muito e vivemos momentos inesquecíveis convosco.
Não foi fácil chegar aqui, com a responsabilidade e experiência que as vossas capas envergam... a Anatomia, um trinta e um, aliás, sete trinta e uns, que ainda são do tempo das Morfofisiologias. Entretanto, na estreia dos anos clínicos, uma pandemia, um confinamento em casa que pareceu interminável, seguido de um regresso gradual à normalidade que de torpe nada teve, mas que ainda assim só nos últimos meses permitiu o vislumbre das tradições da casa que acarinhamos e que a nossa memória coletiva jamais deixará cair. Desengane-se quem pensar que os finalistas de 2022 serão uma geração de médicos COVID. Ser made in FMUP significa ser versátil, pensar e adaptar-se depressa e abraçar desafios com a garra de quem abraça oportunidades. E vocês são a prova viva disto! Como sempre nos acostumaram, a vossa perseverança fez de vós exemplos de superação e indubitavelmente melhores médicos, nesse futuro tão perto. Levem isto ao peito onde quer que vão!
No desenho do adeus, vivam intensamente esta reta final com quem esteve convosco nestes efémeros 6 anos. De tantas vezes que marcaram lugar na Aula Magna, a Imposição de Insígnias, na Queima das Fitas, poderá ter sido das últimas.
Na vossa cartola cabem todas as memórias. Aquelas que o tempo não pode apagar. O dia a dia entre o salão, a sala de estudo, as aulas ou mesmo pelo CIM naqueles anos que parecem ter sido há uma vida atrás. As conversas com a Lina. A Marta, a Luísa, o Sr. Zé, as pessoas do 01 que durante anos viram todos os dias.
Na vossa cartola cabe o ano de caloiros e a magia de viver tudo pela primeira vez. As noitadas de desespero na véspera de um exame, as de festa até de manhã, as atividades de data marcada que todos os anos ansiosamente se repetem... e até as videochamadas no zoom. Tenho a certeza de que nunca se esquecerão com quem viveram tudo isto.
Aos pais, para além do imensurável orgulho, sintam-se contentes se os vossos filhos ainda chamarem primeira casa à que partilham convosco. Se fosse pelo tempo que aqui passamos, esta seria certamente a primeira casa de muitos. E deixa-me indescritivelmente feliz sabê-lo.
No momento da partida, levem convosco os segredos destes corredores. Onde quer que vão, levem convosco a FMUP e a AEFMUP. Orgulhem-se do vínculo que para sempre terão a esta casa e da responsabilidade que é, em cada coisa que fazem, por onde quer que andem, representar-nos a todos e a esta mui nome instituição, que é se não algo maior que nos unirá para sempre.
Da parte da AEFMUP, foi o maior privilégio representar-vos a todos. Fazer por vós, para vós e convosco. Dedicar-nos para podermos garantir que saem daqui não só os melhores médicos, mas com as mais especiais memórias e histórias para contar. Os valores que defendemos por vós, as horas intermináveis para garantir que fazíamos desta a vossa casa, tudo valeu a pena para chegarmos a este momento. Tudo o que fazemos, por vós é. Espero que guardem sempre orgulhosamente a AEFMUP no coração tanto quanto nós vos guardamos. E que a todos os que vos perguntarem, digam que passar por cá é algo que só nós sabemos, só nós sentimos, é inexplicável.
A ocasião exige que falemos em partida, mas espero que voltem. Espero, aliás, que nunca se vão embora. Quando a saudade apertar, vamos estar de braços abertos para vos acolher de novo em casa. Contem connosco!
Acredito que até hoje foram sempre futuro. Chegaram cheios de sonhos. Agora, mais do que nunca, espero que os sintam verdadeiramente realizados. Conseguiram. Relembrem o significado da cartola que ostentam, a glorificação pessoal que devem sentir.
Deixam um enorme legado, finalistas. Vão fazer-nos muita falta!
Na vossa cartola cabe um futuro brilhante, que acaba de começar.
Viva Medicina,
Viva a AEFMUP,
Viva o Finalismo,
Viva a mui nobre Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Margarida Duarte Albuquerque
Presidente da AEFMUP