No início do 1º ano letivo da Licenciatura SauD InoB, o mais importante, como não podia deixar de ser, é dar as boas-vindas aos estudantes, dar-lhes os parabéns e reconhecer a aposta que fizeram em serem os pioneiros deste novo curso. Pioneiros e de enorme qualidade! Vejamos alguns dados, ou não fossem os dados uma pedra basilar desta Licenciatura. Os estudantes tinham à sua disposição 1119 cursos por onde escolher, 284 escolheram a Licenciatura SauD InoB, 83 como 1ª opção. De facto, 9 em cada 10 estudantes que entraram na Licenciatura escolheram-na como 1ª opção! A média do último classificado é o parâmetro mais vezes usado nas análises do acesso ao ensino superior, pese embora seja dependente de fatores como o número de vagas do curso e dos exames específicos, e, como tal, pouca informação útil realmente encerrem. Mas claro que é um orgulho ter como média 179,0. Muito significativo do interesse dos estudantes é termos a primeira colocada com 199,0, a 2ª com 195,5 e a 3ª com 193,5. A nota média de entrada foi de 183,3. Impressionante, sem dúvida, e, sendo um curso novo e disruptivo, estes números são ainda mais relevantes.
E o que, no início das aulas, podemos já dizer mais destes fantásticos estudantes? Mais de 3/4 são mulheres, a grande maioria da Área Metropolitana do Porto, com uma origem geográfica que vai de Bragança ao Entroncamento. Cerca de 2/3 irão manter atividades desportivas, artísticas, profissionais ou de voluntariado. Nas suas candidaturas, escolheram como 2ª opção Bioengenharia (~30%), Medicina (~28%), Medicina Dentária (~20%), Bioinformática (10%), assim como outros cursos, de Nutrição a Gestão. Em relação aos ramos que irão escolher no 3º ano, atualmente quase metade prefere o Ramo de Investigação Clínica e Gestão de Inovação em Saúde, quase 1/3 Investigação Biomédica e Bioinformática, distribuindo-se os restantes pelos Ramos de Análise de Dados e Inteligência Artificial e Sistemas de Informação em Saúde e Telessaúde.
Termino este primeiro retrato com o resultado que me parece o mais interessante de todos: 95% dos estudantes estão muito interessados em participar em projeto com um dos parceiros da Licenciatura enquanto atividade extracurricular (os restantes 5% pouco interessados e nenhum nada interessado). Começamos assim com as expectativas muito elevadas da parte dos estudantes e dos docentes.
Neste editorial incluo ainda a mensagem que transmiti para todos os novos estudantes da FMUP na cerimónia de receção aos estudantes realizada no dia 10 de setembro:
“Bem-vindos, parabéns por entrarem na FMUP. Conseguiram! Estão mesmo cá!! Aproveitem, aproveitem mesmo todos os minutos, passam demasiado rápido, e há muito para aprender e fazer nesta casa que agora é a vossa.
Hoje quero salientar apenas duas palavras, diria mesmo duas palavras-chave para que haja um futuro sustentável na saúde e também na FMUP. Diversidade e Equipa.
Diversidade é um fator crítico para a Academia de hoje e amanhã, é uma palavra que abrange vários conceitos, múltiplos construtos, mas aqui quero referir-me à diversidade de experiências, de tipos de conhecimento, e de diferentes inteligências, que são necessárias para a sobrevivência, resiliência e progressão destes nossos ecossistemas.
A ênfase é na diversidade de percursos e formações não só dos docentes, mas, este ano, também a feliz e extraordinária disrupção que é termos na FMUP estudantes de dois cursos diferentes de pré-graduação, Medicina e SauD InoB!
Esta diversidade tem um potencial enorme de crescimento conjunto, tal como acontece com as plantas, esta proximidade permite uma verdadeira alelopatia que potencia o crescimento acelerado e vigoroso de cada planta, cada estudante, e do ecossistema.
É este o desafio que vos faço, comecem desde já a crescer em proximidade, em conjunto, como equipa (a 2ª palavra).
Em saúde, pode até ser argumentado que há muito se trabalha em equipa, mas o desafio de funcionar em equipa, com um espírito positivo, colaborativo, não verticalizado e centrado nos resultados comuns, é cada vez mais uma necessidade. E sendo necessidade, funcionar em equipa é O caminho, não é uma opção. Neste ano, sendo vós estudantes de Medicina e de SauD InoB, já todos podemos usufruir dessa diversidade de aprendizagens e vivências e assim ir construindo espírito de equipa.
Hoje o avanço do conhecimento científico, da educação, da saúde só é possível tendo a abertura de trabalhar em equipa, principalmente ouvindo mais os outros do que a nós, fazendo todo o esforço para realmente entender o outro, ter a capacidade de se adaptar aos outros e aos contextos em que trabalhamos. Essa é uma inteligência que temos de treinar na FMUP, para não ficarmos fechados nas nossas próprias cabeças, crenças e vieses.
Quem não ouve, quem não procura consenso, quem divide em vez de unir não é nunca candeia que vai à frente a alumiar (parafraseando o ditado popular).
E vocês, novos estudantes da FMUP, tenho a certeza, vão para a frente, vão iluminar duas vezes, vão ser líderes e agentes de transformação da saúde, aproveitando a diversidade e funcionando como equipa.
Viva a FMUP, Viva Medicina e… bem-vinda à Vida, SauD InoB.”
João Fonseca
Diretor da Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica (SauD InoB) |